sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ser ou nao ser existencial

Sartre talvez tenha razão: somos nós mesmos os responsáveis.Você é responsável por todos e por tudo.Queimadas na Amazônia? a culpa é sua. Culpa por omissão. Mulheres sendo cortadas por um costume bárbaro? a culpa é sua! porque a sua cultura é diversa. Havaianos perdendo as suas tradições? a culpa é sua! sua, por ser um turista bundão alimentando a perda das tradições milenares.A culpa é sua. Não entendeu? A CULPA É SUA. Percebeu agora? ou vai bem querer que eu contrate o J.J. Marreiro para desenhar, heim?E agora que você se convenceu de que a culpa é sua, saiba: existir é um ato responsável. Os irresponsáveis deveriam ser elogiados por tentarem escapulir do inexorável. Os suicidas deveriam ser facilmente compreendidos por não tentarem ser super-humanos carregando todo o existir sobre suas cabeças. Os eternos adolescentes deveriam ser invejados por sua resistência em aceitar o inevitável fardo.Porque a partir do momento em que se assume que se existe, assume-se a responsabilidade. É um pacotaço. Indissolúvel.Obviamente que não assumir o encargo que todos esperam seja assumido refletirá em mau-grado que os demais terão em relação a essa atitude - ou antes, falta de atitude.Crer em Deus é uma coisa. Culpá-lo por tudo é outra. O verdadeiro ateu não condena a crença em Deus, mas vive sabendo que a civilização é sua culpa e que não poderá culpar mais ninguém.Mas - ah, debilidade humana - quão cômodo pode ser o se assumir crente de uma força superior. O mundo todo é transferido para as potentosas espáduas de um Atlas qualquer.E nesse passo contínuo, só temos a certeza sartriana de que "o inferno são os outros". E mais: de que cada um escolhe o próprio papel a desempenhar - o de ser ou não ser existencial.

Sempre dói


Olhei-me no espelho.
Pensei em ti. Meu olho não mais brilhou.
O riso não mais se me abriu, fácil.

Antes, entristeci os cantos da boca,
verti uma lágrima dorida.

Ainda restaria alguma dúvida?
Dói - mais ainda ser eu quem tenha que fazê-lo.

Mas acumular dores e não flores
nunca foi do meu feitio.

Choro, sim.
Preferível a ficar me roendo por dentro,
como um câncer da amargura no coração.

É hora de te dizer adeus.
(ou, talvez, tiau - que o amor de antes ainda vale uma bonita amizade)